…a idade de reforma!

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Atingimos a idade de “reforma”!.

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…terminámos de exercer a nossa profissão, voltámos ao princípio, começando de novo outra aventura!

Todos, ou quase todos, nos interrogamos, pensando o que queremos fazer com o resto da nossa vida?.

É uma pergunta difícil, decidir o que vamos fazer!.

Entre muitas coisas, uma, é de certeza, o que não queremos fazer, como por exemplo, estar sentados numa cadeira de balanço, na varanda da frente, de uma casa do idosos!.

Depois de muita reflexão e deliberação, decidimos deixar o trabalho. Os filhos já seguiam as suas vidas, nós, procurámos um local para viver, com clima onde não houvesse frio e neve, vendemos aquela casa, a casa que nós amávamos, deixámos os filhos, que já tinham outras metas a alcançar, os amigos e, como é difícil limpar todas as memórias de uma casa onde criámos os nossos filhos, onde tivemos tantas lembranças da família, algumas felizes, outras menos felizes, mas vivemos lá muitos anos, os móveis, pertences e bagagens, nunca vamos esquecer o nosso passado, deixámos o edifício físico e, todas as memórias do que aconteceu lá, mas vamos mantê-las no coração.

No novo local que escolhemos para viver, construímos tudo outra vez, a partir do zero e, depois de algum tempo, fazendo todas aquelas coisas, que todos nós pensamos em fazer, quando ficássemos livres, modificando o nosso próprio estilo de vida, sem horários, reuniões de pessoal, telefonemas, escalas difíceis de trabalho, horas mal dormidas, fazendo turnos de 12 horas seguidas, comendo simplesmente um café e um bolo seco, chegando sempre à conclusão, que tudo isto seria para se lembrar mais tarde na vida, mas a questão continua lá dentro no nosso cérebro, e agora, o que iremos fazer a seguir?.

É uma questão difícil. 

Talvez fazer uma viagem longa, não muito dispendiosa, económica, talvez por estrada!.

Louco!. Isso é drástico! Perigoso!. Quem pensas que és, o “rei da estrada”, “animal da estrada”?.

Bem, nós pensamos que seria uma grande “experiência de vida”,  podemos ver, absorver tudo em nosso redor, mas para fazer isso, tínhamos que ter um plano e, não sabiamos exactamente o que era, gostamos de viajar, queríamos fazer isso económicamente, talvez comprando uma “caravana”!.

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…bem, vamos ver, “nós só vivemos uma vez”, não prejudicas ninguém, gostas, faz!. Porque não aproveitar enquanto por cá andamos?. Amanhã, já não podes!.

Quem teve coragem, para deixar a sua casa, lá no norte, pode criar uma “casa na estrada”, levar consigo as memórias, nunca mais deixando a sua casa para trás, em outras palavras podemos criar uma casa onde quer que estejamos e, há algo de muito americano, sobre “viver” na estrada, enquanto as rodas giram no asfalto da estrada, podemos ouvir as velhas músicas favoritas, “King of the Road”, “Hit the Road Jack”, “On the Road Again” ou  “Adorei viajar por cada e, todas as estradas”!.

Na nossa “caravana”, podemos ir a qualquer lugar, livre de aeroportos, traslados, transporte público ou horários, com muito poucas reservas antecipadas, podemos sair e descobrir, novos  emocionantes e, às vezes estranhos lugares, assim como as pessoas ao nosso redor, podemos procurar rotas que estão fora das normais estradas, podemos encontrar a liberdade, a independência, a descoberta e auto-suficiência, podemos explorar em primeira mão, o famoso, o infame e fora das atrações que aparecem nos cartazes da estrada, onde só nos querem mostrar o que “eles” querem e, conhecer o modo de vida puro, das pessoas!.

A partir da fronteira do Canadá até a fronteira do México, do oceano Atlântico até ao oceano Pacífico, podemos visitar tanto quanto podermos. O nosso pensamento, o nosso objectivo é ver a maioria dos Parques Nacionais, apreciar as pessoas que encontramos, admirar os locais espectaculares, ver e inspirar-nos, pela liberdade de viver e aprender ao nosso próprio, mas já um pouco velho, ritimo.

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…quando éramos jovens, dizia-mos que nunca poderíamos fazer isto, viajando ao redor, vivendo num pequeno espaço, não tendo residência permanente e, estar longe da família e dos amigos, estou certo de que tanto eu como a minha esposa Isaura, às vezes encontramos momentos em que nos sentimos assim e, desejamos que não devíamos ser tão aventureiros, mas no geral, também estamos certos de que nos iremos tornar em pessoas melhores, quando voltarmos para junto da família ou amigos e, até vamos provavelmente sentir que deveriamos ter começado isto antes,  mas não podíamos, pois tínhamos responsabilidades!. Agora, com a nossa “caravana”, já o podemos fazer.

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…a vida na “caravana”, gira em torno da decisão sobre, onde ir, quando ir, por esta estrada ou por aquela, o que queremos ver, o que queremos fazer pelo caminho, ou quando lá chegar, tudo está configurado em blocos de viagens ou passeios, utilizando o nosso plano de mapas, com a ajuda do GPS, que montamos para cada região do país. As partes, onde e quando será decidido  ficar longe da neve e do gelo, estar em áreas de clima mais quente, para que parte, usando recursos como o National Geographic Parques dos USA, para orientação sobre o que fazer e ver, contando sempre, em improvisar, mudando a rota traçada no início, onde às vezes passamos em lugares muito interessantes ao longo do caminho, com resultados e histórias engraçadas para contar!

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…os Americanos, ao que parece, foram destinados a ser  “caravanistas”, desde os primeiros dias que os exploradores puseram os pés neste continente. Aventuras, colonos que vieram em busca de liberdade, assim como oportunidades para crescer e descobrir, viajando pela primeira vez por barco, em seguida a cavalo, em grupos por “combóios” de “caravanas conestoga”, puxadas por animais, que atravessavam o continente por anos, saindo dos portos de Boston, Philadelphia ou New Orleans, com um filho, chegando à Califórnia, com três e quatro, finalmente, por veículos motorizados que se tornaram nas “caravanas” de hoje.

Um século atrás, a popularização do automóvel, melhoria de estradas e, a paixão da América para a exploração, originou a chegada de veículos de recreação manufaturados, produzidos em massa e, a indústria das “caravanas” nasceu. No princípio do século XIX, havia poucos postos de gasolina, poucas estradas pavimentadas e nenhum sistema de auto-estrada, mas sempre houve “caravanas”.  Houve guerra e houve paz, altos e baixos, linhas de combustível, modernismos com a revolução cibernética, e claro, o estilo de vida das “caravanas” sofreu muitas modificações. As raízes das “caravanas”, são tão antigas como os pioneiros, que viajavam nas “caravanas conestoga”, puxadas por animais, com  vagões cobertos, mas por volta do ano de 1910, é o ano citado como o início do que se tornou a indústria das “caravanas” modernas, onde as primeiras “caravanas”  motorizadas foram construídas. Unidades indiduais, existem algumas, construídas antes daquela época, mas 1910 é uma boa referência para esta indústria.

Antes disso, as pessoas acampavam em vagões ferroviários privados, que eram puxados para diversos desvios, ao longo da linha do caminho de ferro. O ano de 1910 trouxe uma nova liberdade para as pessoas que não queriam ver o seu destino  limitado pelo sistema ferroviário, pois com uma “caravana”,  permitiu-lhes ir para onde quisessem, quando quisessem.

Naquele tempo, as “caravanas” ofereciam confortos mínimos em comparação com as actuais casas sobre rodas, que proporcionam a liberdade de viajar para qualquer lugar, para ser capaz de ter uma boa noite de sono e desfrute de comida caseira. Uma excepção notável na “caravana” de hoje, era o quarto de banho, pois naquele tempo, era geralmente atrás de uma árvore ou um arbusto!.

Até o final da Primeira Guerra Mundial, os americanos viajavam  em “caravanas” automóveis, com tendas, camas e instalações de cozinha. Clubes de caravanismo, datam de 1920 e 1930, com “caravanistas”, a enfrentaram poeira e lama, viajando de carro por quase todo o território dos USA, antes das estradas transcontinentais, que já eram pavimentadas, acampando ao lado da estrada, aquecendo as latas de alimentos, em fogões a gasolina, tomando banho em água fria!.

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A evolução das “caravanas”, inclui avanços, com equipamento  tecnológico, no estilo aerodinâmico e conforto interior, que nos faz saber o que existe além da próxima curva na estrada, ou até sobre a crista de uma colina lá ao longe, muito distante e, como  somos um povo curioso, estas invenções, ajudam a nossa curiosidade, fazendo a viagem de descoberta ficar tão importante quanto o destino final!.

Para pioneiros americanos, ao contrário de qualquer outro modo de transporte, viajando por “caravana”, nas nossas auto-estradas ou estradas secundárias, permite descobrir as nossas próprias pedras ao longo do caminho, enquanto que sobrevoar a 50.000 pés de altitude, ou viajar de combóio à velocidade de 100 mph, perdemos os detalhes e, passamos ao lado de um maravilhoso  cenário!.

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Por tudo isto, viajámos numa “caravana”, do estado da Florida ao estado do Alaska, percorrendo 15.000 milhas, 35 dias, atravessando um continente, diferentes estados e países, cidades, vilas ou aldeias, por auto-estradas, estradas secundárias, carreiros, conhecendo novas pessoas, novos costumes, com tempo de sol, frio, vento ciclónico, chuva, granizo, neve, planícies com temperaturas altas, montanhas, vales, atravessando rios, ribeiros,  terras alagadiças, cozinhando as nossas refeições, dormindo na nossa “caravana”, tomando banho nos rios e lagos, onde se podia beber a água, respirando ar puro e selvagem, pescando em rios selvagens, ao lado de gaivotas, águias de colarinho branco, ursos ou coiotes, céu cinzento ou tempestades, nuvens de mosquitos, lama ou pedras na estrada, em algumas regiões, mas logo a seguir, céu limpo, azul,  vendo cenários de montanha, mar, lagos,  glacieres, animais selvagens atravessando a estrada, entre outras coisas maravilhosas, com que a natureza nos contemplou!.

Tony Borie, Novembro de 2014.

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