

…nesta nossa viagem pelo norte, além da família, visitámos a Fernanda e o Fernando dos Santos, um casal que vive a idade de ouro, num lindo “Rancho”, numa pequena vila, onde nos fez um pequeno “tour”, mostrando o sossego e uma bonita paisagem, numa praia de New Jersey!.

…a Fernanda, foi por alguns anos companheira e amiga da Isaura, pois exerciam as suas funções profissionais numa multinacional em New Jersey e, o Fernando, era aquela pessoa que por mais de trinta anos, foi editor e, nos redigia as notícias no jornal Luso-Americano, que se publica em Newark, era ele que “estava em todas”, procurando dar as notícias em primeira mão, que nos interessavam, pois podia fazer chuva, frio sol ou cair neve, estava lá sempre, colaborando para que este prestigiado jornal, viesse cá para fora duas vezes por semana, sempre com motivos de interesse, o que não devia ser tarefa fácil!.

…uma boa amizade não precisa de conversação diária, nem sempre precisa de seguir aquele ditado que diz, “um bom vinho é uma maneira excelente para prolongar uma conversa”, vinho esse, com que a Fernanda e o Fernando nos presentiaram, além de outros petiscos, onde incluía o típico caldo verde português, pois quando se fala com alguém com educação superior, que mantém uma conversação que exprime cultura, bom senso, com muitos anos de experiência no fenómeno da emigração, escritor, jornalista credenciado, que na área da comunicação, sempre se dirigiu a um público, na sua maioria emigrante, tansmitindo-lhe notícias, que podiam ser boas ou más, sempre levavam um “toque”, que as tornavam fáceis de compreender, fáceis de assimilar e, sempre levavam uma mensagem de esperança, que é uma palavra que o emigrante, que se encontra longe do seu país, normalmente gosta muito de ouvir!.

…o Fernando, completando uma lacuna que estava aberta na comunidade portuguesa em New Jersey e não só, exprimindo toda a sua experiência, vivida junto desta mesma comunidade, escreveu um livro, que é um perfeito documento, onde descreve a experiência do típico emigrante português, que teve a coragem de um dia atravessar o Atlântico, deixando a sua aldeia, vila ou cidade, lá em Portugal, começar aqui uma nova vida, que podia ser de sucesso ou não sucesso, mas uma certeza é que este seu livro, já é um sucesso e, no futuro vai ser um documento precioso, que vai fazer parte da história do fenómeno da emigração portuguesa para os USA, onde muitos foram verdadeiros heróis e, estavam no anominato, pois muitos de nós nunca deles tínhamos ouvido falar!.

…ele, sempre amável colocou uma dedicatória dirigida a nós, autografando um dos seus livros e, dizia-nos, com um ar de pessoa simples, que não se sentia bem saber que no futuro, quando a igreja de Newark, deixar de se chamar Nossa Senhora de Fátima e, passar a chamar-se Nossa Senhora de Guadalupe, ou qualquer outra divindade religiosa, quando a comunidade portuguesa deixar a cidade, ninguém mais se lembrasse que por aqui viveu e passaram milhares de portugueses, que povoaram a cidade, fazendo dela, talvez a mais portuguesa cidade, pelo menos aqui, nos USAl!.

…falámos por horas, “bebíamos” as suas palavras, lembrou a guerra em Angola, onde foi combatente, onde em cenário de guerra, quase foi alvejado por uma bala inimiga que lhe passou de raspão, junto da sua face, mais tarde foi de novo a Angola, já como jornalista, entrou num campo de guerrilheiros, entrevistando o chefe da guerrilha, lembrou também, quando ajudou a salvar uma pessoa, cedendo a sua medula óssea, nós lembrámos quando recebeu o prémio, em Portugal como o melhor jornalista a trabalhar no estrangeiro para a comunidade portuguesa e, nos minutos que lhe deram de antena, fez um discurso, simples, objectivo, mas arrojado, apontando, entre outras coisas, o modo como a imprensa de Portugal, trata o povo sofredor emigrante, os sentimentos de homem de família e o orgulho que sente por essa mesma família, o amor ao seu País, que visita com frequência, enfim, o tempo ia passando e não queríamos abandonar o seu “Rancho”, pois tanto a Fernanda como o Fernando, não paravam de nos encantar com toda a ambilidade que nos demonstravam!.
Saímos da sua companhia, já era noite, com a promessa de que um dia destes nos visitarão, na Florida, para continuar-mos a conversação, que já não é mais conversação, é quase, como um desfilar de lembranças, que nos fazem por cá andar nesta idade linda, a idade dourada!.
Tony Borie, Dezembro de 2014.