…lembrando o Grupo Típico “O Cancioneiro de Águeda”!. (remembering the Typical Group “The Cancioneiro of Águeda”)!.
…foi na aldeia do Vale do Ninho D’Águia, lá na vertente agreste da Montanha do Caramulo, que a Dona Maria Aguiar Guerra e Cruz, personalidade com algum relevo na sociedade da então vila de Águeda, situada na também então região da Província da Beira Litoral, nos descobriu para o “Folclore”!. (It was in the village of Vale do Ninho D’Águia, on the rugged slope of Caramulo Mountain, that Dona Maria Aguiar Guerra and Cruz, a personality with some relief in the society of the then village of Águeda, Province of Beira Litoral, discovered us for the “Folklore”)!.
…folclore, que era uma disciplina autónoma, que incluía histórias, ditos e canções das populações rurais camponesas, que eram consideradas como resíduo e sobrevivência do passado, que continuavam a existir nas camadas mais baixas da sociedade, pelo menos durante o período do nacionalismo romântico na Europa, que apresentavam tradições como processos orgânicos, baseados na tradição de qualquer vila ou aldeia!. (Folklore, which was an autonomous discipline, which included stories, sayings, and songs of rural peasant populations, which were regarded as residues and survivals of the past, which continued to exist in the lower strata of society, at least during the Romantic nationalism in Europe, which presented traditions as organic processes, based on the tradition of any village or village)!.
…crendo nós que esta palavra “Folclore”, começou a ser usada principalmente depois de que os estados alemães foram invadidos pela França napoleónica, onde a população usou as suas tradições, para o processo de reconstrução do seu país e que, talvez sem o saberem, foram seguidos por outras nações, que buscavam independência política dos seus vizinhos, que também foram atacadas por aquelas forças dominantes!. (Believing us that this word “Folklore”, began to be used mainly after the German states were invaded by Napoleonic France, where the population used their traditions, for the process of reconstruction of their country and that, perhaps without they were followed by other nations, who sought political independence from their neighbors, who were also attacked by those ruling forces)!.
…continuando!. Nós, ainda pouco mais que crianças, no momento em que a Dona Maria Aguiar Guerra e Cruz, reparou em nós, estávamos metidos numa represa, que existia ao fundo do vale, baldeando água para que os nossos progrenitores regassem um pequeno campo de milho!. Ela, a Dona Maria Aguiar, andava por ali, pois vinha visitar uma sua protegida que tinha acabado de “dar á luz’, pois era assim que se dizia de alguém que tinha acabado de ser mãe!. (Continuing!. We, little more than children, at the moment when Dona Maria Aguiar Guerra and Cruz noticed us, we were in a dam that existed at the bottom of the valley, pouring water for our progrenadores to water a small field of corn!. She, Dona Maria Aguiar, was walking around, because she came to visit her protégé who had just “given birth,” because that was how someone said she had just been a mother)!.
…pediu aos nossos progrenitores, se consentiam que fizéssemos parte do futuro Grupo de Folclore que se estava a organizar na vila!. Lá fomos, usando alguma roupa dos nossos irmãos mais velhos e, de alguns companheiros da escola primária, que assim que souberam da notícia, nos proporcionaram sapatos, calças e uma linda camisa!. Não havia a menor ideia do que era dançar em grupo mas, com a ajuda daquela rapariga da camisola verde, que era ainda mais linda com as mangas arregaçadas, aprendemos!. (Asked our progrenitors, if they allowed us to become part of the future Group of Folklore that was being organized in the village!. There we went, wearing some clothes from our older brothers and some of our classmates from the elementary school who, as soon as they heard the news, provided us with shoes, pants and a nice shirt!. I had no idea what it was to dance in a group, but with the help of that girl in the green sweater, who was even more beautiful with her sleeves rolled up, we learned)!.
…falando um pouco de como se começou a organizar o Grupo Típico ”O Cancioneiro de Águeda”, havia naquela ocasião um grupo de pessoas, que se podia chamar de “dedicadas às tradições”, onde se destacava além da já referida Dona Maria Aguiar Guerra e Cruz, a sua irmã Maria Luciana Aguiar Guerra, o folclorista Armando dos Santos e o maestro José Soares da Costa, este acompanhado quase sempre de sua dedicada filha Maria, entre mais umas tantas personalidades, que não nos recordamos mas que de um modo ou de outro, também contribuíam para que esta organização tivesse algum sucesso!. (Talking about a bit of how the Typical Group “The Cancioneiro of Águeda” began to organize, there was a group of people on that occasion, one that could be called “dedicated to the traditions”, where it stood out beyond the aforementioned Dona Maria Aguiar Guerra and Cruz, his sister Maria Luciana Aguiar Guerra, the folklorist Armando dos Santos and the conductor José Soares da Costa, this accompanied almost always of his dedicated daughter Maria, among a few more personalities, that we remembered but of a way or another, also contributed to this organization to have some success)!.
…todavia, um pouco mais tarde, o Rui Aguiar Guerra assim com a sua irmã Estela, a Dona Orquídia Flores Lobão e mesmo nós, pois nessa ocasião também já fazíamos parte dos quadros técnicos e directivos do Grupo, dando continuação a este maravilhoso trabalho, prestigiando não só a vila de Águeda, como toda a região!. (But a little later, Rui Aguiar Guerra, along with his sister Estela, Dona Orquídea Flores Lobão and even us, since we were already part of the technical and managerial staff of the Group, continuing this wonderful work, prestigious not only the village of Águeda, as the whole region)!.
…a realização do interesse por histórias, ditos e canções, foi muito difícil de realizar naquele tempo, pois as ferramentas de pesquisa, ou os métodos de recolha eram quase primitivos!. Por exemplo, lembramo-nos de sair pela manhã, numa camionteta pequena, com uma saca do farnel, cedida com a interferência do Armando dos Santos, que no momento era funcionário da empresa de camionagem “Oliveiras”, para a região oeste/sul da Montanha do Caramulo, onde nos esperava um grupo de pessoas, exemplificando uma determinada dança, onde o Armando dos Santos, escrevinhava um desenhos num papel e o maestro José Soares da Costa ouvindo, escrevia a música!. (The realization of interest in stories, sayings and songs, was very difficult to perform at that time, because the tools of research, or the methods of collection were almost primitive!. For example, we remember going out in the morning, in a small truck, with a sack of farnel, ceded with the interference of Armando dos Santos, who was at the moment an employee of the “Oliveiras” trucking company, to the west / south region of Caramulo Mountain, where a group of people were waiting for us, exemplifying a certain dance, where Armando dos Santos wrote a drawing on a piece of paper and Jose Soares da Costa, listening to it, wrote the song)!.
…por tradição é inicialmente lembrado o comportamento das pessoas, uma vez que ele perde o seu propósito prático, não havendo razão para mais transmissão a menos que tenha sido imbuído de significado além da praticidade inicial da acção!. Este significado está no centro da folclorística, ou seja, o estudo do folclore!. Por exemplo, numa dessas deslocações, para aprender-mos os usos e costumes dos nossos antepassados, ao verem-nos chegar a determinada aldeia, as pessoas fugiam para suas casas, pois tinha começado a Guerra do Ultramar Português, pensando essas pessoas que a nossa ida àquela aldeia era para recolha de sangue, para os soldados que lutavam na África em defesa da bandeira do seu país, então com um governo com tendências coloniais!. (By tradition is initially remembered the behavior of people, since it loses its practical purpose, there being no reason for further transmission unless it has been imbued with meaning beyond the initial practicality of action!. This meaning is at the heart of folklore, that is, the study of folklore!. For example, in one of these trips, to learn the customs and customs of our ancestors, when they saw us coming to a certain village, people fled to their homes, since the Portuguese Overseas War had begun, thinking these people that ours to that village was for blood collection, for the soldiers who fought in Africa in defense of the flag of their country, then with a government with colonial tendencies)!.
…lembramo-nos de o Armando dos Santos, que sempre demonstrou uma certa simpatia por nós, creio que as nossas famílias foram cruzadas algumas décadas atrás, nos dizer:
– vamos ser um Grupo de Folclore que, com a minha experiência neste campo, vai mostrar ao País a beleza de toda a região da Beira Litoral!. Os senhores de Lisboa reprovaram-nos quando lá levámos o Rancho Tricanas da Rua D’ Além, da aldeia de Assequins, que na verdade usava roupas brilhantes, mas este Grupo Típico é demonstrativo dos usos e costumes desta bonita região!.
…como tinha razão o grande folclorista Armando dos Santos!.
(we remember Armando dos Santos, who has always shown a certain sympathy for us, I believe our families were crossed a few decades ago, to tell us:
– we will be a Folklore Group that, with my experience in this field, will show the Country the beauty of the entire region of Beira Litoral!. The lords of Lisbon reproached us when we took the Tricanas Ranch from Rua D ‘Além, from the village of Assequins, which actually wore bright clothes, but this Typical Group is a demonstration of the customs and customs of this beautiful region!.
As the great folklorist Armando dos Santos was right)!.
…a palavra folclore, também podemos dizer que representa a voz do povo, também inclui o conhecimento costumeiro, as formas e rituais de celebrações como a Páscoa ou o Natal, ou até uma celebração de casamento, assim como danças, canções ou ritos de iniciação!. Cada um deles, individualmente ou em combinação, pode ser considerado um artefacto folclórico!. (The word folklore, we can also say that it represents the voice of the people, it also includes customary knowledge, forms and rituals of celebrations such as Easter or Christmas, or even a wedding celebration, as well as dances, songs or rites of initiation!. Each of them, individually or in combination, can be considered a folk artifact)!.
…foi por volta do ano de 1957, que fizémos a primeira apresentação!. Ainda estávamos em formação, portanto o Grupo não dançou, só desfilou, sendo muito aplaudido!. Foi nas festas da cidade de Braga e a convite, cremos nós, da cidade, mas com a interferência do “Grupo de Folclore Gonçalo Sampaio” da cidade de Braga!. (It was around the year 1957, that we did the first presentation!. We were still in training, so the group did not dance, just paraded, being very applauded!. It was at the festivals of the city of Braga and the invitation, we believe, of the city, but with the interference of the “Group of Folklore Gonçalo Sampaio” of the city of Braga)!.
…tão essencial quanto a sua forma, o folclore também abrange a transmissão desses artefatos de uma região para outra ou de uma geração para a seguinte!. Pois o folclore não é ensinado em um currículo escolar formal ou estudado nas artes plásticas!. Em vez disso, essas tradições são transmitidas informalmente de um indivíduo para outro, seja por meio de instrução verbal ou demonstração, como tal foram alguns elementos do Rancho das Tricanas da Rua D’Além, da aldeia de Assequins, que transitaram para o Grupo Típico, já experientes em palco, que ensinaram os mais novos, tal como nós, que nos iniciávamos!. (As essential as its form, folklore also covers the transmission of these artifacts from one region to another or from one generation to the next!. For folklore is not taught in a formal school curriculum or studied in the plastic arts!. Instead, these traditions are transmitted informally from one individual to another, either through verbal instruction or demonstration, as such were some elements of the Rancho das Tricanas from Rua D’Além, from the village of Assequins, who transited to the Typical Group , already experienced on stage, who taught the younger, just like us, that we started)!.
…quando começámos a percorrer o País, as pessoas paravam, admiravam a beleza dos trajes, principalmente os representativos de “Noivos”, ou da “Lavradeira Rica”, ou do de “Ver a Deus”, ou mesmo as danças, que mostravam uma coreografia lenta e bonita, tal como as pessoas que habitavam aquela vertente agreste da Montanha do Caramulo, que viam o tempo passar, pastoreando os seus rebanhos, com as nuvens bem perto de si!. (When we began to walk the country, people stopped, they admired the beauty of the dress, especially the representatives of “Noivos” (Bridegrooms), or “Lavradeira Rica” (Rich Farmer), or of “Vêr a Deus” (See God), or even the dances, which showed a slow and beautiful choreography, just like the people who lived on that rugged mountain slope of Caramulo Mountain, who saw the time passing, shepherding their flocks, with the clouds very close to themselves)!.
…alguma fama chegou, a Rádio Televisão Portuguesa, a preto branco, requisitava a presença do Grupo, tanto nos estúdios do Monte da Virgem, no Norte do País como nos estúdios da capital Lisboa!. Os folcloristas europeus, tal como o poeta escritor Pedro Homem de Melo, permaneciam focados no folclore oral das populações camponesas homogéneas em suas regiões, sendo este poeta escritor oriundo da então vila de Águeda, (padrinho de baptismo da nossa mãe Ilda), teve alguma influência nestas frequentes exibições na Televisão Portuguesa!. (Some fame arrived, the Portuguese Radio Televisión, in black white, requested the presence of the Group, both in the studios of Monte da Virgem, in the North of the Country and in the studios of the capital Lisbon!. European folklorists, like the poet writer Pedro Homem de Melo, remained focused on the oral folklore of homogeneous peasant populations in their regions, being this poet writer from the village of Águeda, (godfather of our mother Ilda’s baptism), had some influence on these frequent exhibitions on Portuguese Television)!.
…havia uma particularidade do poeta escritor Pedro Homem de Melo, que sempre que apresentava o nosso Grupo Típico “O Cancioneiro de Águeda” na televisão, começava, enfrentando as câmaras, concentrando a sua voz naquele poema que deixava logo a perceber que era o seu grupo de folclore preferido que ia actuar a seguir, recitando sempre:
Com as crianças da vila,
Fui outrora à Comunhão.
Com elas, em procissão.
Também dei a volta à vila.
As rãs cantavam no campo!.
Os campos eram jardins.
Com os rapazes da vila
Também fui a alumiar
Pela estrada de Assequins…
Vinha o domingo de Páscoa!
E quando o Senhor entrava
No átrio da nossa casa,
Pegando na Cruz, bendita,
O meu pai, então rezava,
Minha mãe ajoelhava…
Toda a família ajoelhava!
E eu sonhava,
E a Cruz, bendita,
Pelos meus lábios passava…
(There was a peculiarity of the poet writer Pedro Homem de Melo, that whenever he presented our Typical Group “The Cancioneiro of Águeda” on television, he began, facing the chambers, concentrating his voice on that poem that he soon realized that it was his favorite group of folklore that would act next, always reciting:
With the children of the village,
I was once in Communion.
With them, in procession.
I also went back to the village.
The frogs sang in the field!
The fields were gardens.
With the boys from the village
I also went to light
Along the Assequins road …
Easter Sunday was coming!
And when the Lord entered
In the atrium of our house,
Taking the Cross, blessed,
My father then prayed,
My mother was kneeling …
The whole family was kneeling!
And I dreamed,
And the Cross, blessed,
Through my lips I passed …
…e depois de uma pequena pausa, dando mostra de alguma emoção, terminava, falando um pouco mais alto, abrindo os braços ao céu:
Anjos! Rosmaninho! Andores!
Incenso do meu País!
Igreja de Santa Eulália!.
Onde está a nossa raíz!
(And after a little pause, showing some emotion, he would finish, speaking a little louder, opening his arms to the sky:
Angels! Rosemary! Saints and andores!
Incense of my Country!
Church of Santa Eulalia !.
Where is our root)!.
…o Grupo Típico, tinha uma carteira de convites, que nos fazia seleccionar onde era mais conveniente para o nosso solista Armindo dos Santos, ser ouvido, pois entre outras, o Malhão de Águeda, já era quase um hino nacional, onde alguns profissionais da música, com fama internacional o imitavam!. O Armindo dos Santos, tinha o previlégio de possuir uma voz única e, quando cantava, dizendo que, “Moreninha do Convento, não hei-de casar contigo, nem hei-de de te deixar casar”, fazia as pessoas rirem, chorar, emocionarem-se, entusiasmarem-se, gritarem, algumas querendo mesmo subir ao palco e abraçarem-no!. (The Typical Group, had a portfolio of invitations, which made us select where it was more convenient for our soloist Armindo dos Santos, to be heard, since among others, Malhão de Águeda, was almost a national anthem, where some music professionals with international fame imitated it!. Armindo dos Santos had the privilege of having a unique voice and when he sang, saying that “Moreninha do Convento, I will not marry you, nor will I let you marry”, it made people laugh, cry, to get excited, to get excited, to shout, some even wanting to take the stage and hug him)!.
…o Grupo Típico “O Cancioneiro de Águeda”, foi sempre acarinhado pela população da vila, principalmente quando desfilava nas suas ruas, onde muitas famílias colocavam bonitas e coloridas colchas nas janelas de suas casas, assim como estava sempre presente, não o Grupo completo, mas alguns elementos vestidos a rigor, quando havia qualquer cerimónia nos Paços do Conselho, recebendo qualquer entidade governativa!. (The Typical Group “The Cancioneiro of Águeda”, was always cherished by the population of the village, especially when it paraded in its streets, where many families put beautiful and colorful quilts in the windows of their houses, just as it was always present, not the complete Group, but some elements dressed up, when there was any ceremony in the Council Pairs, receiving any government entity)!.
…a sua bandeira, foi ideia de Dona Maria Aguiar Guerra e Cruz, com o consentimento imediato de Armando Santos, que não queria nada com cores brilhantes, depois do Rui Aguiar ler umas frazes do livro “Águeda” de Adolfo Portela!. (His banner was the idea of Dona Maria Aguiar Guerra and Cruz, with the immediate consent of Armando Santos, who wanted nothing with bright colors, after Rui Aguiar read some frazes from the book “Águeda” by Adolfo Portela)!.
…o Rui Aguiar, era uma pessoa culta, sabia ouvir e gostava que também que o ouvissem, principalmente, quando privávamos, pois éramos amigos, algumas pessoas até nos interrogavam se éramos irmãos!. Alguns dias, íamos ao fim do dia até à aldeia de Castrovães, onde se iniciava um grupo de folclore e onde colaborávamos, ensinando algumas danças!. Na viajem, o Rui dizia-nos que o livro Águeda de Adolfo Portela, exemplificava o que era Águeda perfeitamente e a razão da bandeira do “Cancioneiro de Águeda”!. Sabia de cor algumas frazes lá escritas, como por exemplo, quando declamava:
…e logo as sachadeiras se despojam dos seus aventais mais garridos, para armar a bandeira, em cujo cimo o patrão dependura o saquinho do queijo e do pão, o lenço dos temoços e das azeitonas, a cabacinha da água pé…!.
(Rui Aguiar, was a cultured person, knew how to listen and liked that they also heard it, especially when we deprived, because we were friends, some people even questioned us if we were brothers!. Some days, we would go to the end of the day to the village of Castrovães, where we started a folklore group and where we collaborated, teaching some dances!. On the journey, Rui told us that the book Águeda by Adolfo Portela, exemplified what Águeda was perfectly and the reason for the “Cancioneiro of Águeda” flag!. He knew by heart some of the frazes written there, for example, when he declaimed:
… and soon the scaffolders strip off their gaudier aprons to arm the flag, on whose top the boss hangs the cheese and bread sachet, the scarf and the olives, the foot of the water standing…)!.
…e continuava declamando até que chegávamos ao nosso destino!.
…também nos dizia que lá no livro se explicava que, “se houvesse de fazer-se algum dia a caricatura de Águeda, bastaria figurá-la com uma nota de música e com foguetes na cauda”!.
(And kept on declaiming until we reached our destination!
… also told us that in the book it was explained that “if the caricature of Águeda were ever to be made, it would suffice to picture it with a note of music and with rockets on the tail”)!.
…tivémos convites do estrangeiro, principalmente de França e da Espanha, todavia era por um período de tempo excessivo para a vida de um vulgar agricultor, empregado de uma oficina metalúrgica ou de um professor escolar, portanto alguns desses convites foram declinados, com a indicação de outros grupos de folclore, com os quais mantínhamos as melhores relações, no entanto houve dois convites que não recusámos!. Foi no ano de 1967, para a Ilha da Madeira, do qual fomos nós, como responsáveis por parte orientação directiva, um dos elementos do grupo mais activos, assim como também numa ida a Espanha, mais propriamente a Santigo de Compostela, uns anos depois, realizando a primeira internacionalização do grupo!. (We had invitations from abroad, mainly from France and Spain, but it was too long for the life of a vulgar farmer, a metalworker or a schoolteacher, so some of these invitations were declined with other groups of folklore, with which we had the best relations, however there were two invitations that we did not refuse!. In 1967, we went to the island of Madeira, of the most active members of the group, as well as a trip to Spain, more precisely to Santigo de Compostela, a few years later, performing the first internationalization of the group)!.
…na Ilha da Madeira, durante o tempo que lá estivémos, recebemos toda a atenção, mesmo fora do vulgar a que estávamos acostumados!. As pessoas eram amáveis, recebíamos convites para casa de algumas jovens que nos seguiam durante o dia, não lhes interessando o lugar para onde nos deslocávamos!. Éramos abordados na rua, com perguntas que por vezes nos deixavam um pouco embaraçados, mas inocentes, só querendo saber coisas que lhes pareciam, mas que na verdade não eram! Nunca mais esquecemos o povo da Ilha da Madeira!. (On the Island of Madeira, during the time we were there, we received all the attention, even outside the vulgar one to which we were accustomed!. The people were kind, we received invitations to the home of some young people who followed us during the day, not caring about where we were moving!. We were approached on the street with questions that sometimes left us a bit embarrassed, but innocent, only wanting to know things that seemed to them, but that they really were not!. We have never forgotten the people of Madeira)!.
…isto é a razão porque os povos se amam e se compreendem e, para se entender completamente o “folclore”, é útil esclarecer as suas partes componentes, como por exemplo os termos “folk” e “lore”!. Numa pequena busca, encontramos documentado que o termo foi cunhado em 1846 pelo inglês William Thoms!. Ele o inventou para substituir a terminologia contemporânea de “antiguidades populares” ou “literatura popular”!. A segunda metade da palavra composta, “lore”, mostra-se mais fácil de definir, já que seu significado permaneceu relativamente estável nos últimos dois séculos, vindo da antiga instrução “lar”, da língua inglesa, que nos mostra o conhecimento e as tradições de um grupo particular, frequentemente transmitido de boca em boca!. (This is the reason why people love and understand each other and, in order to fully understand “folklore”, it is useful to clarify their component parts, such as the terms “folk” and “lore”!. In a small quest, we find documented that the term was coined in 1846 by Englishman William Thoms!. He invented it to replace the contemporary terminology of “popular antiquities” or “popular literature”! .The second half of the compound word, “lore”, is easier to define, since its meaning remained relatively stable in the last two centuries, coming from the old “home” instruction of the English language, which shows us knowledge and traditions of a particular group, often transmitted by word of mouth)!.
…as tradições folclóricas, cresceram tanto na Europa, quanto na América do Norte, onde ainda hoje existem pesquisas de culturas nativas americanas, tentando compreender a totalidade dos seus costumes e crenças!. (Folklore traditions have grown both in Europe and in North America, where even today there are surveys of Native American cultures, trying to understand the totality of their customs and beliefs)!.
…como tal, quando vivíamos no norte, trabalhámos para que o Grupo Típico “O Cancioneiro de Águeda”, visitasse os Estados Unidos!. Depois de algumas reuniões de trabalho, formámos um grupo coeso, ciente das suas responsabilidades, para que o Grupo Típico “O Cancioneiro de Águeda”, nos visitasse, transmitindo uma parte vital das crenças e costumes dentro de um grupo no espaço e no tempo, mostrando às pessoas americanas os fragmentos culturais e os artefactos folclóricos transmitidos informalmente, como regra de forma anónima e sempre em múltiplas variantes!. (As such, when we lived in the north, we worked so that the Typical Group “The Cancioneiro of Águeda”, visited the United States!. After some work meetings, we formed a cohesive group, aware of their responsibilities, so that the Typical Group “The Cancioneiro of Águeda” visited us, transmitting a vital part of the beliefs and customs within a group in space and time, showing American people the cultural fragments and folk artifacts transmitted informally, as a rule anonymously and always in multiple variants)!.
…esta foi a nossa última contribuição, para dar a conhecer a origem, no seu próprio conjunto de lendas urbanas, daquilo a que chamamos de folclore oral do campesinato europeu da época que, hoje com uma sofisticação cada vez mais teórica das ciências sociais, tornou-se evidente que o folclore é uma componente natural e necessário de qualquer grupo social e, na verdade não precisamos de ser antigos nem antiquados, pois continua a ser criado, transmitido e em qualquer grupo é usado para diferenciar entre “nós” agora, e “eles” no passado!. (This was our last contribution, to make known the origin, in its own set of urban legends, of what we call oral folklore of the European peasantry of the time, which, today, with an increasingly theoretical sophistication of the social sciences , it has become evident that folklore is a natural and necessary component of any social group and in fact we do not need to be old or outdated as it continues to be created, transmitted and in any group is used to differentiate between “we” now , and “them” in the past)!.
…hoje, do lado de cá do oceano Atlântico, lembramos a vila de Águeda, principalmente a nossa aldeia, lá na vertente agreste da Montanha do Caramulo, onde a crosta terrestre, lentamente começava a ser plana, flutuando por perto as zonas ribeirinhas do Rio Águeda, onde pela noite, não havendo luz eléctrica, se a terra tremesse, nascendo dos céus uma pequena luz, que seria uma qualquer estrela, talvez uma estrela nova, daquelas que fazem oscilar um continente, ninguém dava por nada!. (Today, on the Atlantic side of the Atlantic, we remember the village of Águeda, especially our village, there on the rugged slope of Caramulo Mountain, where the earth’s crust slowly began to be flat, floating near the riverine areas of the Águeda River, where at night, there being no electric light, if the earth trembled, a small light rising from the sky, which would be any star, perhaps a new star, those that make a continent flutter, no one gave a damn)!.
…todavia, passado mais de seis décadas, lembramos com ternura o Grupo Típico “O Cancioneiro de Águeda”, sentindo que foi uma benção do destino contribuir para a sua fundação e, para o seu contributo na divulgação dos usos e costumes da região onde nascemos, estando gratos a esta instituição pelos benefícios que nos ofereceu enquanto pessoa jovem, preparando-nos como ser humano, para enfrentar o mundo com aqueles princípios de dignidade que todos devemos ter, se queremos que este mundo se torne num lugar mais agradável para se viver e que, de outra maneira jamais conseguiríamos, dado ao local e ambiente de aldeia do interior, onde nascemos, onde não tivémos nunca oportunidade de continuar a frequentar a escola, só mais tarde e em outro país o conseguimos fazer!. (Nevertheless, after more than six decades, we remember with tenderness the Typical Group “The Cancioneiro of Águeda”, feeling that it was a blessing of the destiny to contribute to its foundation and, for its contribution in spreading the customs and customs of the region where we were born, being grateful to this institution for the benefits it offered us as a young person, preparing ourselves as a human being, to confront the world with those principles of dignity that we should all have if we want this world to become a more pleasant place to if we live and that we would never otherwise, given the place and environment of the village in the interior, where we were born, where we never had the opportunity to continue to attend school, only later and in another country we can do it)!.
Tony Borie, September 2018.