…o Sonho Americano!

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…companheiros, hoje vamos contar a história das primeiras pessoas, oriundas da Europa, que chegaram ao espaço continental, que hoje, chamamos os USA!.

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…leiam com atenção, pois vão gostar, tal como nas histórias de índios e cowboys, os índios, são sempre os “maus”, neste resumo, os Espanhóis e os Portugueses, algumas vezes, também são os “maus”, mas creio que é somente na história!.

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…pois essa história, também nos diz que ajudaram a construir esta grande nação!

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…embora a Espanha, Portugal e a França se tenham movido rapidamente para estabelecer uma presença no Novo Mundo, outros países da Europa, também o fizeram, mas de forma mais lenta. Tudo isto, algumas décadas depois das explorações que John Cabot fez, na tentativa de encontrar possíveis colónias, a que possivelmente, queria chamar inglesas, mas os primeiros esforços foram fracassados, pois havia na altura um pequeno lugar com pessoas, que era a  “Colónia de Roanoke”, que desapareceu por volta do ano de 1590!.

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…no final de 1606, alguns empresários ingleses, partiram com uma carta da “Companhia Virginia de Londres”, para estabelecer uma colónia no Novo Mundo.

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…a frota, composta de três navios, chamados, “Susan Constant”, “Discovery” e “Godspeed”, sob o comando do jovem Capitão Christopher Newport, que depois de uma longa viagem, com a  duração de cinco meses, incluindo uma paragem nas ilhas de Puerto Rico, de onde partiram, em 10 de Abril de 1607, para o continente americano.

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…a expedição desembarcou em 26 de abril de 1607, em um lugar chamado Cape Henry, com ordens para selecionar uma localização com alguma segurança, puseram-se a explorar o que é agora Hampton Roads, em uma saída para a Baía de Chesapeake, a que deram o nome do rio James, em honra de seu Rei James I, da Inglaterra!.

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…quando jovem, navegou com Sir Francis Drake, no ataque sobre a frota espanhola em Cádiz e, participou na derrota da célebre “Armada Espanhola”, durante a guerra que a Inglaterra teve com a Espanha, onde entre outras coisas, foram apreendidas fortunas, do tesouro Espanhol e Português em batalhas navais, ferozes, nas Índias Ocidentais, como um corsário, a que nós, vulgarmente chamamos “Pirata”, ao serviço da Rainha Elizabeth I, de Inglaterra.

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..este homem do mar, realizou mais ataques a navios Espanhóis e Portugueses, do que qualquer outro corsário Inglês. Depois de liderar os seus homens, a bordo de um navio inimigo ao largo da costa de Cuba, o seu braço direito foi cortado em parte e, como homem de luta, improvisou uma espécie de “gancho”, para substituir a sua mão, que tinha sido cortada durante a batalha, a partir desse momento, começaram a chamar-lhe, um nome parecido com “Capitão Gancho”, e é por esse nome que vamos continuar a identificá-lo, isto, sem qualquer falta de respeito por esta personagem, pois a história da sua vida,  faz parte do “America Dream”!.

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…estamos a falar, do Capitão Christopher Newport, a tal personagem, que comandou a primeira frota de três navios, vinda da Europa e, que foi o  fundador da colónia de Jamestown, no agora estado de Virginia e, que talvez sem saber, iniciou o “sonho americano”, pois foi ele que liderou a frota de colonos que estabeleceu o primeiro assentamento permanente de pessoas vindas da Europa, principalmente ingleses, no Novo Mundo.

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…foi ele que escolheu o local de Jamestown, levou a exploração inicial de “King James”, que foi negociada pacificamente, tirando a fome aos colonos, com quatro viagens de reabastecimento!.

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…durante um furacão, naufragou nas ilhas de Bermuda, o Capitão Christopher Newport, a quem, também chamavam o “Capitão Gancho”, como homem audaz, com mais 150 colonos, conseguem construir duas novas embarcações, libertando-se das ilhas, regressando de novo a Jamestown!.

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…fez algumas longas viagens comerciais para o Extremo Oriente, para a Companhia das Índias Orientais, levando os primeiros embaixadores ingleses para a Pérsia e Índia, lançando assim as bases para a evolução do Império Britânico!.

Era um navegador excelente, severo, mas compreensivo, um grande capitão de mar e, lendário líder de homens.

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…em quase 40 anos viajens de mar, o então Capitão Christopher Newport, desempenhou um papel importante na evolução da Inglaterra, a partir de uma ilha isolada da sociedade, para uma grande potência marítima com a expansão de colônias ultramarinas, que em última análise se tornou o Império Britânico, que durante muitos anos, tomaram conta do mar do Caribe, ele, junto com outros corsários ingleses, foram enriquecendo a monarquia Inglesa, fornecendo assim apoio financeiro para a futura  colonização Inglesa da América do Norte.

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…durante os primeiros cinco anos que foram muito difíceis, ele manteve a colónia, lutando sempre pelo reabastecimento dos colonos, trazendo novos colonos para Jamestown, supervisionou a construção da solução inicial de paliçada, armazém, igreja, e a doca.

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…com sua capacidade de liderança, conhecimentos de navegação, marinharia, experiência e habilidade para negociar com os índios, ele, por muitas vezes, resgatou a colónia de Jamestown, da extinção. As suas viagens posteriores para as Índias Orientais confirmou a viabilidade da negociação por mar, com o Leste e os grandes lucros comerciais que a Inglaterra poderia esperar destas expedições. A sua viagem para a Índia, lançou as bases para o risco do mar, com a conclusão com êxito da viagem em alguns  navios menores, construídos a partir das ilhas de Bermuda, com madeira de cedro, levou directamente à fundação da colónia de Bermuda, que continua a ser um protectorado britânico até hoje e, um dos os últimos do Império Britânico.

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…uma característica marcante da carreira de sucesso do “Capitão Gancho”, é que ele era um plebeu, com pouca educação formal. Muitos dos primeiros líderes de viagens inglesas de exploração e colonização, eram filhos de famílias inglesas ricas, muitas vezes donos de grandes propriedades, vários destes líderes tiveram educações avançadas, alguns na Universidade de Cambridge, mas o Capitão Christopher Newport, a quem também chamavam “Capitão Gancho”, tinha alguma educação pois uma carta que escreveu ao conde de Salisbury, secretário da “Companhia Virginia de Londres”, indica que ele escrevia bem, usando ornamentos e frases estilistas da época!.

Também temos que realçar o facto, de que o “Capitão Gancho”, foi escolhido para liderar uma grande expedição Inglesa, apesar de sua falta de educação formal ou vantagens de nascimento, é uma prova de sua capacidade de liderança e, ao alto nível de respeito que ele ganhou de todos os empresários de Londres, que desenvolveram a “Companhia da Virgínia”!. Além disso, a sua escolha para liderar as viagens para Virginia, com base em sua experiência e capacidade, em vez do seu estado social, exemplificou a erosão gradual da estrutura social medieval e, a evolução dos valores da Renascença na Inglaterra. Os homens eram cada vez mais escolhidos para posições de liderança, com base nos seus atributos e experiências individuais, em vez de “canudos” e títulos.

A habilidade do “Capitão Gancho”, para lidar com os seus  homens era lendária, na tenra idade de vinte e nove anos, foi nomeado para o posto de capitão, sobrevive quase vinte anos como um “corsário”, comandando homens em batalhas ferozes, principalmente no mar do Caribe e das Índias, contra Espanhóis e Portugueses.

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…em 1592, o navio do “Capitão Gancho”, no mar das Índias, abordou uma grande nau Portuguesa, ele, sabendo como os marinheiros portugueses eram bons guerreiros, talvez os maiores rivais, pelo menos no mar das Índias, fez um discurso, aos seus homens, que mais tarde ficou famoso, ele disse:  “Marinheiros, chegou o momento que tanto desejáva-mos, podemos aqui terminar os nossos dias, vai ser vida ou morte, vamos com coragem, tomar esta Carraca e, destruir estes nossos rivais portugueses”. Toda a  tripulação que se encontrava a bordo, motivada com as palavras do seu comandante, lutaram com sucesso, e capturaram o navio Português, durante uma longa e sangrenta batalha naval!.

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…as “Carracas”, eram umas famosas naus Portuguesas!.

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…que por altura do século XV, faziam o “roteiro de Malaca”, eram consideradas umas naus muito avançadas para a época!.

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…pois os marinheiros portugueses, andavam encostados à praia, ao longo do Atlantico, nas costas de África e, com estas naus de três mastros, aventuraram-se ao largo do oceano, assim inventaram as “Carracas”,  que era uma fusão com algumas modificações das naus que navegavam encostadas a terra no oceano AtlIantico e também no Mediterrânio. As mais famosas eram a “São Gabriel” e a “Flor do Mar”. Mais tarde vieram umas naus maiores, eram os “Galeões”.

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…dizem que saiam do porto de Lisboa, todos os anos de 3 a 4 “carracas”, com destino a Goa, na então Índia Portuguesa, com alguma prata, para comprarem algodão e outras espécies de especiarias e, também iam até à ao reino de Ming China, comprar seda e, mais tarde com a aquisição de Macau, a coroa Portuguesa começou a enviara “Carracas”, regularmente ao Reino de Ming China e, até ao Japão. Assim sendo, usavam as “Carracas” (ou Naus) que era um tipo de navio utilizado no transporte de mercadorias, referenciado em documentos dos séculos XV e XVI, criado pelos Portugueses especificamente para as viagens oceânicas nas quais as embarcações até então usadas no Mediterrâneo se mostravam incapazes!. As “Carracas”, eram navios de velas redondas e borda alta, e possuíam três mastros. Os primeiros exemplares tinham uma capacidade de 200 a 600 toneladas, mas na época em que os portugueses as utilizaram na carreira da Índia, atingiu valores de 2000 toneladas!.

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…mas continuando com a história do “Capitão Gancho”, uma das principais responsabilidades, já como almirante das viagens a Virginia, foi para disciplinar os homens no seu comando, pois ele parece ter feito isso por meio de eloquência e, claro, por exemplo, em vez de punição física, numa época em que as chicotadas e enforcamentos no mar eram coisa comum, usados por outros capitães de mar, para fazer cumprir suas ordens!.  Também tratava os índios com respeito e, tentou ganhar a sua cooperação através do comércio, ao invés de usar a força física para subjugá-los, por exemplo, ao contrário de John Smith, e outros líderes militares da colónia de Virgínia, ele não atacava os índios, para roubar o abastecimento de alimentos a partir deles, nem escravizava os índios, como os espanhóis haviam feito, rotineiramente na América do Sul e Central!.

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…os colonos ingleses, na altura, estavam constantemente preocupados com a possibilidade de que os espanhóis iriam atacar as suas vulneráveis colónias!.

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…esta preocupação, em grande parte era baseada no massacre atroz de colonos “huguenotes franceses”, por soldados espanhóis, ocorrida em 1565, em Fort Caroline, Florida. O massacre foi ordenado por Dom Pedro Menéndez de Avilés, o governador espanhol da Flórida, que fundou a colónia de St. Augustine, hoje uma cidade, aqui mesmo ao norte de onde vivemos, que foi o primeiro assentamento europeu permanente, na América do Norte. Soldados espanhóis surpreenderam os facilmente submetidos colonos “huguenotes” em grande parte desarmados. Os colonos, homens, mulheres e crianças, foram levados em pequenos grupos por trás das dunas de areia, onde cada colono foi atravessado com a espada e deixado para ali, até morrer. Cerca de 350 marinheiros e soldados “huguenotes”, espalhados por uma tempestade prolongada no mar, foram capturados por soldados de Menendez nas praias da Flórida e, também foram mortos atravessados pela espada. Os espanhóis consideravam  os “huguenotes franceses” de ser infiéis, porque não eram católicos, mas políticamente, este massacre tinha a intenção de alertar os outros europeus que o Novo Mundo pertenciam à corôa Espanhola!.

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…a história conta-nos, que um grupo de “huguenotes”, que praticavam a religião “protestante”, sob a liderança de Jean Ribault em 1562, estabeleceu uma  pequena colónia em Fort Caroline, no ano de 1564, às margens do rio St. Johns, no que hoje é Jacksonville, na Florida!.

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…a colónia foi a primeira tentativa, de qualquer assentamento europeu permanente, até aos dias de hoje, na parte continental dos Estados Unidos, mas o grupo sobreviveu apenas um curto período de tempo.

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…em setembro de 1565, num ataque contra a nova colónia espanhola em St. Augustine, também na Florida, foi um “tiro que saiu pela culatra”, quando os navios franceses foram atingidas por um grande furacão, quando se preparavam para atacar o acampamento espanhol em Fort Matanzas, também situado, aqui um pouco ao norte de onde vivemos, e que visitamos muitas vezes, pois é um dos locais mais nossos preferidos. Centenas de soldados franceses ficaram presos, rendendo-se às forças espanholas numericamente inferiores, lideradas por Pedro Menendez, que sem qualquer contemplação, procedeu ao massacre dos “huguenotes” indefesos e, os espanhóis dizimaram a guarnição de Fort Caroline.

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…para evitar um massacre semelhante, os colonos ingleses de 1607, foram aconselhados por ordens seladas da “Companhia da Virgínia”, para construir a sua colónia, mais  para o interior, ao longo de um rio, em vez de ser um posto avançado, talvez na costa da Baía de Chesapeake. As ordens, especificavam que um posto avançado, devia de ser estabelecido na foz do rio, ocupado por olheiros,  “para que quando qualquer frota seja vista, eles poderem vir dar o aviso”. O “Capitão Gancho”, seguindo as ordens da “Companhia da Virgínia”, escolheu um local para a colónia, 40 milhas a montante da Chesapeake Bay, às margens do rio James. Além disso, ele manteve um posto de vigia localizado no que é actualmente, Old Point Confort. Os vigias poderiam aconselhar a colónia de Jamestown da chegada de navios, viajando a pé para Jamestown, mais rápido do que um navio à vela pode navegar rio acima. Ao contrário de alguns líderes da colónia de Virgínia ou das Companhias Mercantis de Londres que estavam principalmente interessados em adquirir a riqueza rapidamente, o “Capitão Gancho”, tornou-se comprometido com o desenvolvimento a longo prazo da colónia de Virgínia. Para atingir esse objectivo, deixou a sua esposa e quatro filhos, durante cinco viagens perigosas através do Atlântico, cada uma com duração de mais de seis meses!.

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…este “corsário”, a que também chamavam o “Capitão Gancho”, cresceu sobre o mar, e continuou no mar a maior parte de sua vida, morrendo no final de uma viagem longa para o Extremo Oriente, na ilha de Java, com idade de cinquenta e cinco anos.

Nma época, onde um homem era identificado por a sua carreira, como carpinteiro, ferreiro ou sacerdote, o Capitão Christopher Newport, mais conhecido por “Capitão Gancho”, foi reconhecido como um marinheiro, um homem do mar e, que talvez sem o saber, iniciou o “American Dream”!.

Tony Borie, Setembro de 2014.

3 thoughts on “…o Sonho Americano!

  1. Boa noite, caro Tony! Sou brasileiro e apaixonado pelo seu país, que já tive a oportunidade de visitar várias vezes, conhecendo uma boa parte de seu vasto e maravilhoso território. Conheço também um bom pedaço do Canadá.
    Navegando na Internet tomei conhecimento do seu blog e acompanhei a sua viagem da Flórida ao Alaska, um relato muito rico de referências históricas e pessoais, escritas com muita inspiração e brilho.
    Muito obrigado pelo seu trabalho e parabéns pela sua iniciativa.
    Grande abraço
    Mario Luiz Cardoso

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